quarta-feira, 13 de abril de 2011

O que ainda não é mesmo belo




    É incrível vermos as consequências de uma personalidade complexa. Justo nós, seres humanos, que somos donos de nossa própria mente. Somos personagens neste imenso teatro da existência que é a vida; apenas peças de xadrez.

    Invadindo um pouco do campo da emoção, a coisa fica ainda pior. Freud dizia que um determinado nível de narcisismo está dentro de nós desde o nascimento. Contestável, porém verdadeiro. Impressiona-me perceber o quão belo é a capacidade de sentirmos as emoções até mesmo quando transcedemos o ideal de real e imaginário.

    Como ousam julgar patológico certos tipos de narcisismo? Ó ceus! Narciso pagou pelo preço da pureza. Rejeitou quem mais o desejava por escolha própria e foi condenado com a cruel maldição da paixão por si mesmo. Ora, se a mente humana é um dos universos mais intrínsecos já vistos, até que ponto vos cabe qualquer tipo de julgamento prévio sobre o que ocorre dentro dela? Desconhecimento de causa?

    Como é sabido, apaixonou-se incontrolavelmente pelo próprio reflexo na água. Não poderia suportar. Mas que prova maior de amor próprio, loucura, insanidade, paixão ou como queiram chamar, consegue ser maior do que morrer por si mesmo? Narciso se via nas águas e nela suicidou-se por afogamento. Ousem julgar patológico e vos desafio ao mito!


    Achar que Narciso foi apenas o ápice do drama insensível e da vaidade entorpecida é viver de olhos fechados para o nosso universo interior.

"Ele mostra, isto sim, a profundidade de um indivíduo que toma consciência de si mesmo." Em si mesmo e perante a si mesmo, ou seja, no lugar onde experimenta os seus dramas humanos."
(Cf.Bibliografia, Spinelli, Miguel, p.99).

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