quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O mal não existe

    
     Estive teclando com um amigo a respeito de certos conceitos que são comuns pra muita gente, no tocante a existência ou não de uma entidade que, meticulosamente, nos induz ao mal, seja na sua prática ou na simples necessidade de acreditar que ele existe.

     Não há seres criados para o mal, definitivamente, como seria a teoria do "Diabo" ou "Satanás". O que existem são pessoas (e aqui não faço distinção de encarnados ou desencarnados) que são extremamente ignorantes e apegadas aos instintos egoístas, como se ainda fossem animais a correr nas savanas. Estes seres podem dar a impressão, quando se manifestam, que são ou foram criados assim por Deus, mas não o são de fato. Eles estão assim, mas serão inevitavelmente conduzidos ao progresso, através das Leis Divinas de evolução, que determina que TODOS devem progredir. Obviamente alguns caminham mais depressa, são mais disciplinados, utilizam seu livre-arbítrio da melhor forma, ao passo que outros tentam retardar sua marcha ao progresso, até que a dor vem cumprir o seu papel, levando-os ao crescimento interior. Um dia TODOS seremos luzes, seres purificados, representantes diretos do Criador e condutor de seres menos evoluídos no caminho da perfeição, a que todos estamos destinados. É por isso que não existem demônios, no sentido teológico da palavra.

      Sobre as manifestações dos espíritos, eu penso que todos os povos, religiões e culturas indiretamente mencionam isso. É preciso entender o contexto, o nível intelectual e a situação de cada povo, à sua época.
      Por exemplo, a doutrina socrática em muitos pontos se assemelha à doutrina espírita. Ele se refere aos espíritos como os "damons", e existem muitos conceitos ali, especialmente os morais, que poderiam sem nenhum problema ser considerados como precursores do Espiritismo, bem como do Cristianismo.
      Eu também não me admiraria de que os gregos interpretassem muitos de suas comunicações com os espíritos como comunicações de deuses, a lhes falar de forma simbólica e cheia de metáforas.
      Sobre os santos e os demônios mencionados no Catolicismo, reconhecemos a manifestação do que existe de melhor e do que existe de pior no ser humano. O que falta é a existência dos níveis intermediários, pois se há seres humanos evoluidíssimos (os chamados "santos"), não faltam criminosos a lhes fazer número.

      É interessante observar os fenômenos genuinamente espíritas e dar-lhes outra significação que não a manifestação legítima das individualidades que até pouco tempo ocupavam os corpos de carnes. Para citar um caso bem típico, a obra de Chico Xavier é um exemplo incontestável da manifestação dos espíritos entre nós. Centenas de livros foram publicados por um ser que pouco estudo tinha (para não dizer semi-analfabeto), em ritmo alucinante até para o escritor mais brilhante e inteligente, descrevendo cenários e informações históricas, culturais, filosóficas e científicas de que ele nem fazia idéia. Isso sem mencionar as milhares de cartas endereçadas aos parentes dos desencarnados, trazendo detalhes muitas vezes desconhecidos pelos mesmos parentes, sendo descobertos posteriormente e como prova incontestável da manifestação da individualidade daquele ser que partiu, mas que continua VIVO.

      Tudo isso não pode ser ignorado. Eu participo de reuniões mediúnicas (aquelas em que os espíritos se manifestam, tanto os instrutores quanto os necessitados) há algum tempo, e eu já vi e ouvi coisas que apenas confirmam tudo que leio e aprendo com o Espiritismo. Não é questão de dizer que acredito em Espíritos, pois é fato que eles existem. Sua individualidade, com toda carga de humor, emoção, vitalidade, sentimento, inteligência e tudo aquilo de complexo que compõe um ser humano, sua história e sua personalidade, tudo isso fica patente ao conversar com algum deles. Ainda mais quando trazem informações objetivas, claras, precisas, que somente podem ser confirmadas à posteriori, mostrando a ignorância do médium a respeito daquele conteúdo complexo transmitido. O inconsciente humano não tem esse poder de criar um ser que já se foi, com tudo o que ele sabe e sente, ainda mais quando o médium não conhece este ser. E isso não acontece de forma rara ou isolada... É fato corriqueiro, acontecendo em profusão nos milhares de Centros Espíritas espalhados pelo mundo, e mesmo nos templos e reuniões promovidas por outras religiões ou culturas, e em todas as épocas da humanidade. A comunicação mediúnica sempre ocorreu, respeitando sempre o contexto, a cultura e a peculiaridade de cada povo.