segunda-feira, 11 de abril de 2011

Maceió, Alagoas e a tal "Alagoanidade".



    Celeiro de riquezas, berço de paisagens de nos tirar o fôlego e de embasbacar a quem nunca outrora imaginava existir paraíso na terra. Estes jargões que já nos são costumaz não tampam o sol com a peneira e tampouco maqueiam a real situação de nossa cidade e estado.
    Por trás dos nobres edifícios de Ponta Verde estão os focos da miserabilidade da capital mais violenta do Brasil, da capital mais analfabetizada do Brasil, da capital com a pior distribuição de renda do Brasil. Estado marcado por contrastes. Povo desprovido: Educação, cultura, emprego, assistência social e até mesmo um olhar mais humano. Escravos permanentes de uma revolução social capaz de mudar o quadro atual. A população é excluída de quaisquer que sejam os projetos "in loco" - leia-se "relação governo-comunidade" -. Como consequência latente e que nos faz lamentar com grande pesar, a falta de uma "Alagoanidade" se faz presente. Não temos identidade, somos um cartão postal sem nome, como se a imagem não viesse com o nome do lugar grafado na mesma.

    Em meio a tudo isso, ainda é tempo de buscarmos nossa identidade. Somos estado da República Federativa do Brasil e nos mostrarmos dignamente ao nosso país e ao mundo é o mínimo que devemos a fim de permanecermos eternamente gratos pela gentileza do criador quando, no processo de criação do mundo, sentiu que nosso estado precisava ser visto com carinho. Abaixo, um poema que "esculpido em Carrara", traduz a terra dos marechais:

 "Sou capaz de imaginar o dia da criação de Alagoas.
Ô São Pedro, pegue o estoque de azul mais puro e coloque dentro das manhãs encarnadas de sol; faça do mar um espelho do céu povilhado de jangadas brancas; que ao entardecer sangre o horizonte; que aquelas lagoas que estávamos guardando para uso particular, coloque-as neste paraíso.
E tem mais, São Pedro: Dê a esse estado um cheiro sensual de melaço e cubra os seus campos com o verde dos canaviais.

As praias... Ora, as praias deverão ser fascinantementes belas, sob a vigilância de ativos e fiéis coqueirais;
Faça piscinas naturais dentro do mar; coloque um povo hospitaleiro e bom; 

E que a terra seja fértil e a comida típica melhor que o nosso maná.
Dê o nome de Alagoas; e a capital pela ciganice e beleza de suas noites,
deverá chamar-se Maceió; A padroeira; Nossa Senhora dos Prazeres."


Grato.

3 comentários:

  1. Na verdade existe uma série de traços que podem, se intenção for, ser coletivamente batizados de alagoanidade. De todos, o que mais chama atenção são o pessimismo e a culpa alagoana. O alagoano tem um defeito de ser espiritualmente preguiçoso inerte e, de todos os desejos, nenhum é mais frequente do que o de ir embora daqui.

    O alagoano tem um estranho prazer e disponibilidade de cultivar suas tristezas, cultivar sua desgraça em lugar de conhecer a si mesmo e seu espaço.

    O alagoano é uma criatura essencialmente romântica: autoflagelador e cheio de um desejo de evasão.
    "Fazer o quê? Estamos em Alagoas!" ou "Só podia ser Alagoas!", pensamento comum do alagoano típico, que provavelmente não sabe de onde vem Alagoas, nem do que é feita Alagoas. E dessa ausência vem a mágoa e a culpa e esse desejo sempre presente de se desculpar e se explicar para o Brasil.

    A boa notícia é que hoje já não é preciso adotar essa alagoanidade deprimida e repetitiva. Já não é tempo de buscar uma identidade. É tarde. Identidade já não é um conceito nem um fato estável. E alagoanidade, hoje, é falar de diferença, de multiplicidade, sem juízo de valor nem de bom nem de ruim.

    A única alagoanidade que nos cabe, que sempre nos identificou e que deve ser reconhecida, celebrada e (por que não) criticada, é uma alagoanidade que olhe criticamente nossa pluralidade, nossa totalidade, e não a depressão de uma alagoanidade redundante e caduca. Uma alagoanidade positiva, inspiradora.

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  2. É interessante o teu ponto de vista ao listar os traços por ti citados e batizá-los de alagoanidade.

    De fato, essa posição inerte perante o caos já se tornou uma condição verdadeira de associar nossos problemas ao comodismo de dizer que estamos em AL.

    O grande desafio é passar por cima disso e notei tremenda veracidade e sentido no que disseste referente ao lado positivo da alagoanidade a ser adotada hoje. É bem verdade que a caduquez que enxergamos na nossa identidade deve dar lugar à inspiração positiva.

    Que bons ares possam nos dar a sensação de um novo batismo.

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  3. Que coisa chata -.-
    Parece que vão escrever um artigo

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