quinta-feira, 26 de maio de 2011

Para outro lugar

  
"A arrogância do coração é atributo dos homens de bem; a arrogância de modos é atributo dos imbecis. "
( Charles Pinot Duclos ) 


    Foram minutos discutindo sobre um amor do qual não quero mais fazer parte, com a doce intenção de sepultar um mal-estar desnecessário. Suas palavras, mesmo em alto e bom português, parecem não mais falar minha língua. Eu poderia muito bem gritar igualmente, se você não estivesse tão cega. Tenho um segredo pra lhe contar: seus heróis também têm defeitos, todos eles escondidos atrás do sorriso no comercial de TV a cabo.

     O ferimento em si não dói e nem doeu tanto quanto ver sua intenção em me ferir. Palavras tão pequenas de quem parece não ter mais nada a perder, somente um fadário de coisas a dizer, sempre antes de pensar. Que dissabor.

     Percebo que não importa mais onde eu esteja, preso num quartinho sem idéias ou caminhando livre na chuva, já não adianta sonhar, se em todo amanhecer preciso olhar no espelho e dizer para mim mesmo que aqui é o lugar.

     Todos os seus gritos me deixam com a impressão de que estou sempre atrasado, ou pior, que já estive nessa por tempo demais. Vou acabar ficando rouco diante de discursos formais, de tanta diplomacia, que dirá quando a solidão se manifesta tão necessária.

     A partir de hoje, só o que for muito, muito leve, bonito e fácil. A grande maioria desiste. Eu, só estou abrindo mão. Concordo contigo, também aconteceu comigo: o meu coração partiu. Para outro lugar.
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Um comentário:

  1. Como sempre,netooo,gostei muito do texto.Você é bom! auhauhau' e acho que a frase final diz tudo..a gente e não apenas o coração sempre partem pra outro lugar e isso é bom..mais perturbante que a dor da ferida é a dor da inércia.
    (=

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