quarta-feira, 18 de maio de 2011

Vai um café?


    
Um dos produtos brasileiros por excelência, o café é parte chave de nossa história, de nossa economia e do nosso dia-a-dia.

    Já me vem sendo de costume todas as noites, apreciar o bom e velho cafezinho. Seja o descafeinado - aquele que conseguimos ver o fundo da xícara -, o expresso tradicional ou o capuccino, que pode ser daqueles industrializados, que vêm enlatados e perdem feio para aqueles que algumas cafeterias preparam, com todo um sabor cremoso que lhes são únicos.

    Fui criado rodeado de pessoas viciadas em café e nunca entendi muito bem o motivo para o sagrado café da noite. Era tão indiferente àquilo que hoje me surpreendo quando me pego tomando o mesmo café sagrado da noite. Não sei, às vezes só o amadurecimento nos remete a um poder de percepção mais aguçado, que nos permite mergulhar nas sensações a fim de compreendermos a essência dos pequenos gestos. Tomar café é um deles.

    Café este que é genuinamente brasileiro. Quem não se lembra daquela aula de história, quando o professor batia tanto na tecla no café no interior de São Paulo? Um dos produtos brasileiros por excelência, o café é parte chave de nossa história, de nossa economia e do nosso dia-a-dia.

    Tomamos café em casa, na padaria, na cafeteria, no trabalho e na casa dos outros; no café da manhã, depois do almoço e no lanche. Para alguns, como eu, é motivo de orgulho; para outros é puramente corriqueiro.

    Sinto falta da valorização do nosso café. É brasileiro por excelência mas ainda assim consegue se render ao way of life americano. Tenha dó. Brasileiros são bobos. Todos, em especial os endinheirados, pois não tem bobo maior que aquele que se acha esperto. Uma das provas de como somos bobos é nossa necessidade de validação no âmbito internacional, exemplos abundam: se fizermos um intercâmbio, temos mais chances de conseguir um emprego em uma grande empresa; se estudamos em uma faculdade estrangeira, todos se impressionam; todo ano achamos que vamos levar o Oscar de filme estrangeiro; se um músico nacional toca no Central Park, só pode ser porque ele é muito bom, certo? Hmm, mais ou menos.

     Claro que há entidades das mais diferentes esferas que, independente de nações, têm uma qualidade ímpar e servem de parâmetro por merecimento. Mas fama não é sinônimo de qualidade. E é nesse ponto que chego ao tal de Starbucks.

    Não que a qualidade do café chegue a ser ruim, mas é evidente a afronta que o Starbucks provoca num país que orgulha-se do papel do café na própria cultura. Não existe uma tradição nacional - por cultura - de hambúrgueres, assim sendo, podem vir quantos Burger King's couberem. 

    Existem produtos nacionais dos quais devemos nos orgulhar, e cada um de nós, querendo ou não, nos encontramos em um deles. Nunca fui ufanista, mas sempre gostei do café. Esse é o meu time. Mas depois de tomar conhecimento de fato sobre como funciona a loja, confesso que esteja um pouco aliviado, considerando a mediocridade do produto, combinado com o preço (salgado) praticado. Me parece que se o Starbucks realmente colar, será por causa dos mais bobos, aqueles que têm dinheiro e acham que são espertos.

    Vai um café? (C)


4 comentários:

  1. Patriota, rs.
    O texto ficou bom, mas tente ser um pouco mais mente aberta. :P
    Apesar de eu gostar imensamente de café, para mim é puramente corriqueiro, rs. Não consigo entender o que é sentir orgulho de coisas que eu nem sequer participei... sentiria orgulho do Brasil por qual motivo? Porque nasci aqui? Afinal não fiz nada para melhorá-lo.
    Starbucks mexe muito com as variedades que podem ser obtidas tendo o café como ingrediente principal. Acho que por isso ficou assim tão popular. Mas concordo quando se fala do preconceito social que temos considerando tudo que assimila com a idéia do way of life Norte Americano... O Brasil precisa ser mais prestativo em questão de valorizar a qualidade do próprio produto que, por sinal, não é nada melhor nem pior do que starbucks.

    Mas, e aí, vai um café? :B

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  2. O "orgulho" por si dito dispensa quaisquer que sejam as vivências - participações, como mencionaste - do fato ocorrido. Diversos foram os acontecimentos históricos envolvendo o nosso país, dentre inúmeras esferas, seja na política, seja no esporte etc. O pensamento tacanho acerca de uma omissão nos fatos históricos é completamente descabido nesse sentido, podendo citar o nacionalismo americano como exemplo de conduta frente ao reverenciamento de um orgulho indelével.

    Na verdade não tenho nada contra o café do Starbucks, só afirmo e reafirmo que se mostra como uma afronta em um lugar que se orgulha do papel exercido outrora pelo café. Vai quem quer e paga quem quer, o que importa é tomarmos o nosso cafezinho e sermos felizes.

    E sim, vai um café. Expresso, por favor. :)

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  3. Certo, então, perdoe a minha negligência. Sempre me encontro interpretando as coisas que escreves erroneamente.

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  4. Não acho que seja negligência, é apenas um ponto de vista diferente. Viva a diferença!

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